No âmbito de um dossier temático sobre Sexualidade solicitaram a minha colaboração para a revista Educação Inclusiva. A variedade de livros é imensa, a escolha por vezes é complexa. Assumo as minhas escolhas, considerando-as no meu ponto de vista, eventualmente como sendo alguns dos livros mais significativos e relevantes na temática a abordar.
Babette Cole
Terramar (1997)
Constitui-se como um clássico contemporâneo bastante
conhecido, abordando de forma simples e humorada a explicação de como se fazem
os bebés.
As ilustrações peculiares da autora, contêm bastantes
pormenores numa paleta bastante diversificada de cores que ilustram de modo singular
o sintetizado texto.
Poderia eventualmente pensar-se que é o modo dos pais
explicarem aos filhos, mas é o inverso que provoca no leitor uma gargalhada
certeira.
“How A Baby Is Made”, escrito e desenhado pelo escritor, professor e psicoterapeuta
dinamarquês Per Holm Knudsen, é publicado
em Londres 1975, numa edição de Franklin Watts.
Traduzido em várias línguas, nunca foi publicado em
Portugal. Curiosamente é conhecido e partilhado entre nós na internet através
da publicação alemã: “Wie Vater und Mutter ein Kind Bekommen”,
realizada em março de 2008 pelo editor: Quelle & Meyer.
Um livro escrito por Steven Schepp e
Andrew Andry publicado originalmente pela Time-Life
Books, New York (1968) e Ilustrado por Blake Hampton contando
com novas reedições.
Este livro destaca-se pelas
ilustrações de colagens nas páginas direitas do livro acompanhando o texto mais
científico que se apresenta na página esquerda.
Com clareza e precisão, aborda os processos reprodutivos do reino vegetal e
animal precedendo a sexualidade humana e os seu processo reprodutivo, acompanhado
de uma ilustração inventiva e apelativa de entalhes e colagens.
How Did I Begin?
de Mick Manning
ilustrado por Brita Granstron
Editado por Franklin Watts em 1997
Partindo de que somos o fruto do carinho especial entre a mãe e o pai, este livro conduz o leitor através de cada fase de desenvolvimento de uma criança, dentro do útero ao longo de nove meses. Com ilustrações simples e realistas proporciona perguntas e oferece respostas. Livro que foi indicado para o prémio de livro de Junior Science Book Award, (atualmente Science Prize da Royal Society).
Nicholas
Allan (Texto e ilustração)
Gailivro
(2004)
Originalmente
escrito em inglês, acresce na tradução para português, como se pode ler na capa,
um subtítulo: A grande história de um pequeno espermatozóide.
Wolf Erlbruch (Texto e ilustração)
A cobra laranja (2002)
O consagrado Wolf Erlbruch é exímio nas narrativas que
escreve e ilustra. Sabiamente aborda as questões que nos envolvem na
humanidade, na maioria dos casos usando metáforas. Este é um bom exemplo. Não
explicitando diretamente a questão da sexualidade, remete-nos para o mistério
da paternidade, o desejo dos afetos e de modo gradual aproxima-nos do foco da
narrativa questionando e desconstruindo mitos. As ilustrações alternam entre as
grandes dimensões de página dupla a pequenos pormenores que recriam e reforçam o humor de ambientes e
propostas para o percurso vivido pelo personagem. Originalmente publicado em
1992, merecidamente foi premiado com o
"Prémio alemão da literatura juvenil" em 1993. Em 2002 é publicado em
Portugal, pela editora já extinta A cobra
laranja, não tendo sido reeditado.
Orientação de Manuela Lazzara
Pittoni e Ana (Ilustrações)
Queluz: Editorial Globo (s/d)
Integrado numa
coleção com o mesmo nome e editado por uma editora já extinta, este livro,
surge por vezes, em alfarrabistas.
As páginas iniciais
constituem-se como modo introdutório de abordar a reprodução da vida vegetal e
animal, para de seguida versar o momento do nascimento humano e consequentemente
a sexualidade. Uma viagem ilustrada, de composição realista muito pormenorizada,
a par de um texto mais comedido e envolto em encantamento.
Claire Rayner (Texto)
Tony King (Ilustração)
Edições 70 (1986)
Originalmente
publicado em inglês (1978) é inserido na edição portuguesa numa coleção intitulada
“à descoberta da realidade”.
Este livro faz uma
abordagem simples sobre a complexidade e funcionamento do corpo humano. A
autora, jornalista especializada em assuntos médicos, explica de modo objetivo
e claro, sem evitar as questões
incómodas, pensado para leitura a par entre pais e filhos. Contem um capítulo
intitulado “Crescimento, Mudança e Formação de novos seres” onde de forma
bastante explícita, quer a nível do texto, como da ilustração, se aborda o ato
sexual e o processo de gestação até ao momento do parto.
Ilustrações planas,
quase em forma de pequenas tiras informativas, a par do texto, acompanham
descritivamente os assuntos abordados.
Jo Witek (texto)
Christine Roussey(Ilustração)
Editorial Presença (2016)
Originalmente
publicado em francês, em 2011, felizmente, recentemente publicado em Portugal,
este livro centra o foco na personagem de uma criança que aguarda o nascimento
da irmã, através do diálogo com esta na barriga da sua mãe.
Barriga que cresce
em cada mudança de página, permitindo-nos com alguma seriedade e humor acompanhar
o desenvolvimento intra uterino através de ilustrações escondidas sobre abas. As
ilustrações de linhas simples e apontamentos de cor, reforçam um texto envolto
em poesia e afetos num binómio que acresce o encanto da ansiosa espera e o
espanto do primeiro encontro.
Rébecca Dautremer (texto e ilustração)
Editora Educação Nacional (2007)
Ernesto, o personagem principal está apaixonado mas não sabe
muito bem declarar o seu amor. As opiniões dos diversos personagens sobre a
temática, são tão diversas quanto metafóricas, mas é precisamente na metáfora e
no mistério que este livro de grande dimensão, (infelizmente, com algumas
gralhas de tradução para a edição portuguesa), proporciona uma viagem aos
segredos do amor. Apaixonados é uma galeria de arte que a ilustradora nos
oferece através das soberbas ilustrações de dupla página.
Davide Cali (Texto)
Anna Laure Cantone (ilustrações)
Gato na Lua (2011)
Na
senda das questões à volta do amor não se pode descurar este álbum ilustrado
com texto de Davide Cali e Anna Laura Cantone, ambos já bem conhecidos em
Portugal.
Tal
como o título nos sugere, a questão é feita por quem busca uma resposta
convincente.
A
busca é feita por uma criança curiosa, a Emma, que percorre toda a narrativa,
interrogando todos os elementos da família em busca das respostas para o amor e
o estar apaixonado. Embora com a tradução para português, se perca alguma da
poética e do ritmo do texto original, as diversas respostas concisas e
humoradas, remetem-nos também para a metáfora, embora, na voz dos personagens
se relacionem analogamente com as suas atividades preferidas e interesses,
tornando-se ainda mais hilariante a compreensão que Emma faz das respostas,
tentando objetivamente pô-las em prática.A
ilustração apresenta pequenos detalhes de décor retro num ambiente doméstico
com imensos pormenores, alguma proximidade ao cartoon onde existe um variada
paleta de cores e elementos de diferentes texturas como colagens e tecidos que
acasalam perfeitamente com o texto, fazendo deste livro uma obra filosófica sobre
o tema, de modo hilariante e intensa, indispensável para que sejam os leitores
a refletir sobre a pergunta original.
Fran Manushkin (texto)
Ronald Himler (ilustrações)
Sá da Costa Editora
Este é o primeiro livro ilustrado da escritora Fran
Manushkin, publicado pela primeira vez em 1972 pela Harper & Row,
tendo sido considerado, à época, pelo School Library Journal como o pior livro
ilustrado do ano. Talvez por essa razão, em 2001, a edição em inglês de Baby,
Come Out! tenha sido colorida.
No entanto, várias reedições optaram pela edição original,
com imagens a preto e branco, o que foi o caso da primeira edição em Portugal pela
editora Sá da Costa. A segunda edição (2008) remete para a versão colorida.Um
clássico da literatura para a infância que aborda o desenvolvimento pré natal
de modo muito inventivo, onde a identidade e os afetos se misturam. Um olhar à
identidade e personalidade única, com direto a vontade própria.
e
os
dois livros editados pela Dinalivro (2004)
Abordam
os temas de curiosidade das crianças, desconstruindo estereótipos de gêneros,
de modo divertido e com alguma intenção didática. O mundo divide-se entre
meninas e meninos e as descobertas que
ambos os sexos fazem do amor e a amizade entre ambos.
Elvira Cristina Silva
in: Recensões do Dossier Temático - Sexualidade e as pessoas com deficiência da Revista: Educação Inclusiva (revista da Pró-Inclusão - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial Vol. 7 - Nº 2 (dezembro 2016) (pág. XX - XXIV)
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