domingo, 2 de fevereiro de 2014

"Um, dois, três, conta lá outra vez!”

"Um, dois, três, conta lá outra vez!”
Danuta Wojciechowska.
Caminho (2013)


Depois do já conhecido “O que se vê no A, B, C”, Danuta Wojciechowska, a autora/ilustradora tem um novo livro: “1, 2, 3, conta lá outra vez!”
Poderia julgar-se, que depois de um abecedário, agora contempla-nos com um livro sobre os números.
Mas é muito mais que isso. São números, universais, que se apresentam em diferentes línguas (português, inglês, italiano, francês, alemão e em chinês (mandarim). Para além disso servem para contar histórias e cada um desses números encerra ele próprio, outras histórias, narrativas que se multiplicam para além da leitura do algarismo, do seu significado e da leitura do universo que nos rodeia, situação que nos remete logo nas guardas para o infinito sideral.

As ilustrações de Danuta, facilmente reconhecíveis na intensidade de cores a que já nos habituou, surgem agora neste livro ao lado de novos registos gráficos que irão certamente surpreender mas igualmente admirar,  entre a sobreposição de formas, transparências e movimentos, cada número remete para uma simbologia própria com referências a um mundo que também é o das histórias. É neste jogo de ilustração com os números  (que estão por todo o lado, desde a natureza ao nosso próprio corpo) que se introduzem novas histórias e enredos que permitem uma descoberta constante que pode ser lida e relida por qualquer um de nós em qualquer idade. Após uma descoberta inicial, o apelo para uma nova redescoberta será de novo solicitado, a par com o seu título: conta lá outra vez.
Nas coisas simples de todos os dias, os números apresentam-se com significados e narrativas que nos ajudam não só a contemplar o mundo como a compreendê-lo melhor. A expressividade do individuo, a dualidade, numa atenta descoberta constante, este livro, revela curiosidades matemáticas e outros mistérios que nos permitem descobertas através dos algarismos escondidos, surpreendendo constantemente, apelando à simbologia e à imaginação. Tal como os números, as possibilidades de leitura deste livro são infinitas, invocando os nossos sentidos.
Pela parte que me diz respeito, estou desde já inteiramente seduzida, ou melhor será dizer, completamente apaixonada.  
Sim, por que é possível apaixonar-mo-nos por livros, vocês, não? 


Elvira Cristina Silva
in: CEI 100