quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Chez moi

  



“Chez moi”
Davide Cali (Texto)
Sébastien Mourrain (Ilustração)
Actes Sud júnior (2016)








Davide Cali, é um autor sobejamente conhecido. Publicado por diversas editoras em Portugal, tendo já participado no ano passado num Colóquio sobre Livro Infantil, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian.
Com o seu habitual humor peculiar e um forte sentido de observação sobre o mundo que nos rodeia, oferece-nos continuamente um sentido critico e reflexivo sobre as peculiares atitudes do ser humano sem desapego face aos sentimentos, oferecendo ao leitor um olhar com diferentes camadas diversificadas de leitura.
O livro de grande formato (25×32 cm), possibilita o olhar arejado e pormenorizado sobre as ilustrações coloridas de Sébastien Mouurrain, em muitos casos de página dupla, explorando a dimensão dos diversos ambientes da narrativa.
Chez moi” (traduzindo para português: Em casa) remete para o lugar onde nos encontramos connosco próprios, pode não ser a casa que habitamos como morada, mas aquele lugar onde nos sentimos serenos e confiantes. Na busca desse lugar, parte o personagem principal, um jovem rapaz que vive numa pequena aldeia onde praticamente nada acontece. De morada em morada, por opção própria ou em virtude do trabalho e da especificidade deste, muitos são os paradeiros do personagem.
Crendo, por vezes, que nesses paradeiros se encontra “em casa”, depressa se instala a necessidade da busca de um outro lugar, muitas vezes em contraste ao desejo inicial.
Ao longo do percurso da vida do personagem, retrato de muitos de nós, ao longo do desenvolvimento humano, na permanente necessidade de mudança e na procura da identidade, nem sempre o local onde habitamos nos agrada ou se ajusta convenientemente. Em muitos casos acontece, necessitamos dar a volta ao mundo, simplesmente, para voltar ao sitio de onde partimos.
Em alguns lugares de França sinto-me “Chez moi”,  foi, num desses locais especiais que me cruzei com este livro, curiosamente imprimido, imagine-se, em Portugal. O espelho da vida onde a circularidade das estórias se retrata.

Elvira Cristina Silva
in: Newsletter Pró-Inclusão nº 102; (outubro 2016). pág. 6 



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